quarta-feira, 29 de outubro de 2008

3.1 Bob Dylan - Mr. Bojangles

Domingo Parte XV(A confissão)

Y: Você tem guardado?

X: O que?
Y: Minhas folhas...elas são as minhas confissões.
X: Você é uma pessoa terrível
Y: Terrível, eu sei.
X: Eu tenho que admitir e reconhecer sua capacidade de auto-punição
Y: Minhas folhas...
X: Seu pai, você se pune através dele, ele é seu pão, sua comida...
Y: Todo o amor que me faltou nessa vida.
X: Você foi na casa dele, você sabia que ia se machucar, o Pedro...
Y: Sim, Machuca, o Pedro Machuca, assistimos esse filme, e eu preferiria Almodovar, meu pai não se sentiria entediado, não levantaria...
X: Mas ele levantou, não é mesmo?
Y: Eu o segui...
X: Você ouviu aquele barulho familiar vindo do banheiro, vasculhou a bolsa dele...
Y: Ele tinha mais sacos de farinha do que a Cracolândia inteira...
X: Você o roubou?
Y: Não, eu chorei.
X: Por ele?
Y: Por mim, por este monstro que eu estava me tornando.
X: Naquele dia eu tinha te magoado, te confundido, se eu soubesse que iria ver seu pai não teria sido tão cruel.
Y: Eu sempre preferi sua crueldade ao seu silêncio...
X: Não foi o melhor dia pra ser cruel, o que você fez depois de ter mexido nas coisas dele?
Y: Abri saco por saco com raiva, espalhei pelo chão imaginando ele ajoelhado como um cachorro e fui embora
X: Você me ligou já era tarde, mas eu não atendi! Era sobre isso?
Y: Era, eu precisava de você...
X: Eu te reneguei mais do que três vezes, você mereceu..
Y: Você disse que estaria sempre comigo
X: Eu menti, quando você mais precisou de mim eu te deixei...
Y: A mim não importa...
X: Pois pra mim importa e muito, você acha que é fácil?
Y: O que?
X: Te negar? É a terceira semana e eu não tenho mais forças pra isso
Y: Levanta, ainda falta tempo...
X: Eu sou o monstro, seu vilão.
Y: Não amor, não fale assim...
X: Não me chame de amor, eu te magoei.
Y: O que é isso? Uma lágrima, naõ pode ser...
X: É, pode ser e é, eu te amo tanto, mas te odeio ainda mais, isso nos estragou!
Y: Eu sinto muito
X: Você veio do pó e ao pó retornará
Y: A crueldade voltou?
X: Em meio a esse mar de sujeira e depressão não vejo como ela poderia não voltar
Y: Você disse que sempre estaria comigo, ainda há tempo...
X: Não consigo abandonar esta máscara que você me impôs, sou tão fria, tão forte...
Y: Eu tiro pra você...
X: Não, não me toque!
Y: Você já me disse isso antes
X: Daquela vez era brincadeira
Y: Eu levei a sério...
X: Você leva tudo a sério, não considere meu momento de fraqueza, esta lágrima nunca caiu e eu ainda te desprezo
Y: Pare de me negar!
X: Eu o fiz antes com prazer, mil vezes antes
Y: Mais do que três...
X: Limpa essa bagunça e vai deitar-se
Y: Sem você?
X: Sem mim, pra sempre, deite-se com as tuas sujeiras, sua imprestável.


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