quarta-feira, 29 de outubro de 2008

3.6 MGMT - Time to pretend


Sexta Parte XX
(A entidade)



Y: Eu sinto que estou fingindo, você não sente? Estamos todos fingindo ser algo que na verdade não somos!
X: E foi sempre assim...
Y: Mas não devia, eu não fingia, eu era... simplesmente era e adorava ser.
X: Eu nunca fui, sempre tive medo... continuo não sendo, vivo mentindo pra mim mesma
Y: Por que fazemos isso? Não é consequencia da nossa juventude... não é.
X: Eu gosto de me enganar, é mais fácil, sempre escolho aquilo que pra mim é mais fácil
Y: Então está explicado o porque você não me escolheu....
X: Eu escolhi, mas depois me arrependi, você era fácil porque parecia forte, eu precisava de alguém forte...
Y: Mas eu não sou
X: De fato não é, por isso te larguei, você é só uma pessoa mimada e triste, tão triste...
Y: Não queria ser, quando eu tinha você era diferente
X: Você me teve de todas as formas que é possível se ter alguém, mas você continuava triste, nada que eu fazia te tirava da sua solidão, do seu mundinho particular
Y: Eu gostava de viver nele porque era bonito, era um mundo imaginário assim como esse que eu criei agora, mas ele era feliz, sorriam pra mim, me idolatravam...
X: Continuam te idolatrando, mas você escolheu criar um refúgio sombrio...
Y: Me disseram que eu teria um futuro brilhante, mas curto, eu me assustei
X: Quem disseram?
Y: Não importa, eu fui em um ritual, coisa que não entendo...
X: O que você fez?
Y: Eu gaguejei, minha amiga disse que eu poderia fazer qualquer pergunta, como se fosse Deus respondendo....
X: E você não perguntou nada?
Y: Na cara de Deus eu gaguejei e me justifiquei, como se ali eu estivesse morrendo e precisasse explicar porque merecia viver
X: Foi convincente?
Y: Eu não sei, disseram que eu morreria jovem, assim que o brilhante alcançasse o futuro...
X: Agora você está se desviando de toda e qualquer grandeza porque tem medo da morte.
Y: E também porque não quero um futuro brilhante, não mereço grandeza nenhuma.
X: Você podia ter perguntado de mim, se eu estava bem, podia ter pedido paz, podia ter feito tanta coisa...
Y: Mas não fiz, se me fosse dada outra oportuniade eu perguntaria apenas se sou uma pessoa ruim
X: Você é a pior de todas...
Y: Eu sei, tive medo, me agarrei a velha bolsa...
X: Se agarrou a mim, julgou que eu também estaria com medo se estivesse la?
Y: Sim, quis proteção, desde que você me deixou eu tenho prestado mais atenção nela e no quanto minha analogia é certa
X: Quando você está sozinha com a sua bolsa você é atenciosa....
Y: Mas quando eu chego em alguma festa eu a largo em qualquer canto, faço tudo que um jovenzinho mimado poderia fazer e só no final de tudo vou dar atenção a ela....
X: Exatamente do mesmo jeito que você fazia comigo
Y: Quando eu me levantei pra andar até o corredor e perguntar o que fosse, eu deixei a bolsa no banco sozinha, pensei em você, sozinha me esperando, como sempre ficava... perdi a falar, me senti vazia, a tristeza que sempre reinou em cima de mim se triplicou quando lembrei da sua antiga frase.
X: Qual delas?
Y: Coisas boas acontecem com pessoas boas
X: E por que pensou nela?
Y: Constatei pensando na frase que de fato eu sou uma pessoa horrível, pelas coisas que acontecem comigo, pelos meus cálculos, talvez eu seja a pior.
X: Faz alguma diferença?
Y: Não, pra quem não tem futuro não faz diferença alguma.

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