quarta-feira, 29 de outubro de 2008

4.5 The Kooks - Sofa Song



Quinta Parte XVI (A Decisão)

X: Ela é como todas as outras... sua bolsa, todas eventualmente rasgam, sujam, se desgastam e perdem a graça.
Y: Isso não muda nada, o que eu fiz foi errado, você me fez errar
X: E não é com outra que ela sempre tem o último erro, a última e primeira palavra?
Y: E que diferença faz? Se eu pudesse faria igual...
X: Você fez pior, não são só as mãos que te traem.. a falta de experiência, tuas palavras sempre gaguejadas, a virilidade que você só consegue mostrar comigo.
Y: Ela não me odiaria nem se fosse verdade, eu quis o ódio dela, eu mereceria
X: Mas não, nem ódio, não é mesmo? É por isso que você tem que ficar comigo, quando eu acordei com você no seu edredom preto eu senti o cheiro do seu relógio
Y: Você não está nos meus planos..
X: Planeje de novo, eu vou ser quem você quer que eu seja...
Y: Eu não quero, pode ficar com as suas estrelas, com as suas promessas que você jurou nunca ter feito a não ser pra mim.
X: Prometi pra você e não cumpri, por que cumpriria com a minha estrela?
Y: Porque é dela que você sempre gostou, ela te usa, ela não te ama...
X: Todas nos usam, a sua bolsa mesmo... ela te usou, te provocou, te arrancou verdades...
Y: Me fez falar e nem ao menos acreditou no que eu gaguejava...
X: As suas observações, as caretas sarcásticas que ela fazia até dormindo, e até com as caretas aos seus olhos era linda, não era?
Y: Ainda é... tão linda, reclamava do próprio cabelo, dizia que era seco nas pontas e na raiz perdeu a palavra que queria dizer, eu disse oleoso, ela concordou, disse ainda que precisva corta-lo, que estava horrível.
X: Você sussurou que não, que era bonito, que ela era linda e maluca por não concordar, ela não ouviu?
Y: Eu não consegui falar direito, talvez não tenha ouvido, talvez tenha ignorado...
X: Ignorou tantas coisas antes, seus convites, tentativas de faze-la entender... da mais clara a mais discreta, nada importava, ela nunca vai entender.
Y: No primeiro convite ela disse que tinha um casamento pra ir, compraria um vestido no dia que a convidei, tudo que eu pude imaginar era como aquele vestido que eu nunca vi nem vou ver ficaria bem nela...
X: Ela é perfeita, inalcançável... você é que não vê o quão impossível vai ser esse seu conto de fada, essa sua felicidade de uma noite só...
Y: Por isso evitei, enrolei, melhor não conhecer o mel...
X: Porque o fel é ainda mais amargo?
Y: E também porque nunca vou ter o mel de novo.
X: Eu aceitei seu convite... Fico com você no mundo que criou, ela nunca vai te querer!
Y: Mas eu não posso, eu não quero deixar a realidade de lado mais uma vez, dessa vez eu quero algo verdadeiro, menos fantasioso do que isso, eu não consigo sentir isso, tatear esse meu sonho...
X: Você sentiu ontem, eu acordei ao seu lado, comigo você dormiu, não precisou ficar em claro pra não desperdiçar minutos, eu vou estar aqui.
Y: Eu preciso viver, você não entende?
X: Ela não vai te olhar, não vai nunca te querer, você quer a perfeição que você cria, ela é naturalmente perfeita, dela você não precisaria colocar e nem tirar nada, nunca vai ser uma das suas criações. Por isso não vai dar certo, não vê?
Y: EU vejo, não teria que idealiza-la...
X: Você pode viver comigo, estar comigo a hora que quiser, conseguiu a fórmula da perfeição...
Y: Eu não quero mais me trancar, eu quis cura-la, liberta-la, esperei por ela por tantos meses.... Mas a credibilidade ainda era nula...
X: Ela disse que mudaria isso, você disse que não se importava, mas mentiu não é?
Y: É sempre bom acreditar nas pessoas, quando vejo que isso é impossível eu minto, escondo, digo que não importa.
X: Você não precisa disso...
Y: Eu preciso dar um fim nesse projeto, depois eu penso no que mais precisar...
X: Vem deitar, eu vou olhar pra sacada do 6º andar quado o sol nascer sorrindo pra gente.
Y: Mas minhas orações... meus planos de te esquecer, eu não posso!
X: Vou cuidar de você, vou te olhar dormindo pra te acordar se você tiver algum pesadelo, vou contar as pintinhas dos seus braços, da sua nuca... vou ser você, fazer o que você fez com ela naquela noite, tão ingênua...
Y: Eu não te quero mais, nem você real, nem você na minha imaginação.
X: Você está mentindo, me dê uma noite...
Y: Nem um minuto... não é mais você, estou com raiva do que você foi, do que você é...
X: E dela?
Y: Dela nada, não tem credibilidade, ignora minhas verdades...
X: Ignora até a sua gentileza.. você foi tão doce, ela entendeu errado!
Y: Eu estava doce, doce até demais, se não fosse isso teria sido tímida, teria gaguejado ainda mais.
X: Ela teria te achado idiota, desagradável...
Y: Ela achou...
X: Então me escolha, eu não acho. Eu vou te olhar dormir...

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