quarta-feira, 29 de outubro de 2008

1.7 Death Cab For Cutie - The Ice Is Getting Thinner


Sábado parte VII

(O mirante)

X: Bom dia!
Y: Por que bom dia se nós nem dormimos?
X: Eu só quis ser simpática...
Y: Comigo e ainda por cima de manhã?
X: Não é uma manhã qualquer, hoje é sábado
Y: Nosso último dia
X: Você deveria ter reservado o episódio do hospital pra contar hoje!
Y: Me ajuda a contar?
X: Você não se lembra?
Y: Lembro, é claro. Ainda hoje sinto o seu perfume me acordando, lembro que abri a porta de manhãzinha, você estava tão animada...
X: E você estava de ressaca, usando aquelas pantufas...
Y: Sim, você gostava delas, no meio das nossas bobagens deu até nomes para elas
X: Se eu tivesse ficado tão doente quando você acho que teria te entendido melhor
Y: Teria, mas não ficou. Tive dó do casal que nós vimos...
X: Eu estava rindo do médico, deitei a cabeça no seu ombro, não queria ver o sofrimento deles.
Y: Nessa hora sua mãe ligou, eu me sentia tão grande ali naquela sala enquanto segurava as tuas mãos, e a ouvi dizer algo sobre nhoques...
X: Ela me pediu pra escolher o que eu queria comer no almoço.
Y: Quis tanto cuidar de você, te levar pra casa...
X: Mas não levou, ficou na sua preparando uma outra grande festa pros seus amigos.
Y: Era tudo vazio, menos quando você esstava comigo, agora eu vejo que nada daquilo era real, nada além da gente... eu imaginava seu almoço em família enquanto eu preparava drinks pruma festa que eu nem sei porque fazia, todo sábado era igual, eu ficava te esperando, sem você não tinha graça, nada daquilo, nada do meu deslumbramento, eu sentia sua falta em cada centímetro daquela casa amarelinha... Eu te esperava, eu te espero...
X: Tarde demais pra esperas!
Y: Vamos descer?
X: Por que? Não gostou de ficar aqui comigo?
Y: Por mim ficaria pra sempre, mas não é justo, eu sei, percebi faz tempo que preciso deixar você ir embora, eu te levo pra casa...
X: Mas assim tão cedo?
Y: Como cedo? Passamos a noite toda aqui.
X: Poderíamos passar outra ou voltar e pausar o tempo há horas atrás quando estávamos a contar estrelas....
Y: Podemos tudo, aqui em cima do mirante é você quem manda.
X: Pois então vamos prolongar, não permanentemente porque essa decisão não é minha, mas sim dela... só por agora, prolongaremos por um dia.
Y: Não vejo problema algum
X: Nem eu, me diz coisas bonitas?
Y: Vamos falar de cores?
X: Minha teoria...
Y: Eu gostei dela, é tão bonita quanto você e pra confessar antes de te conhecer tudo em mim era preto e branco, xadrez e listrado... Te conheci por causa de um suposto noivado e uma lata de coca-cola, você se lembra?
X: Lembro ,você disse coisas que eu não entendi.
Y: Você também, usou expressões que eu nunca tinha ouvido antes, eu acho que não nos entendemos.
X: Mas nos gostamos, não? você era diferente de todo mundo, tomava coca-cola e que relevância teria isso?
Y: Era uma lata vermelha que você dividiu comigo e por causa dela começou a colorir meu mundo, foi em um domingo por que não poderia ter sido em um dia diferente?
X: Porque domingo é um grande dia para nós, sinto muito por você viver tão cinza agora.
Y: Eu também, você está vibrando, é sua mãe no telefone, deve ser sobre nhoques....
X: Preciso voltar pra casa...
Y: O portão de lá é cinza, eu te levo até a esquina, te dou um abraço e sussuro no teu ouvido que nos vemos por aí
X: Não, nós nos vimos por aqui!

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