quarta-feira, 29 de outubro de 2008

4.3 South - Paint The Silence

Terça Parte XXIV (Os vasos)

Y: Eram só vasos, sabe?
X: Significavam mais, sabe?
Y: As plantas morreram, a terra tinha secado, não tinha mais vida la, não tem mais vida aqui, ela não percebe...
X: Você ficou tão feliz no dia que percebeu que havia colhido frutos das plantas que você comprou, que você cuidou...
Y: Era minha analogia do momento, relacionamentos e plantas, comprar, cuidar...
X: Pra depois colher frutos e cozinhar com elas, você ficou tão feliz quando conseguiu
Y: Mas meus vasos morreram, eu os joguei fora, mamãe veio brigar de novo comigo, eu não queria que fosse assim, mas eles não tinham mais volta.
X: Por que você esta trancada, aonde está o ar? eu não vejo ar nesse quarto
Y: Ele não existe, eu a machuquei e talvez suas palavras tenham roubado o meu oxigênio
X: Você sempre esta machucando alguém até quando não quer.
Y: Não, isso é você quem faz, eu vi você nos olhos dela
X: Você e seu complexo de Édipo...
Y: Você estava lá, eu a soquei porque mamãe era você
X: Agora você esta tentando me culpar de novo
Y: Mas a culpa é sua, tenho perdido todo pouco que me sobrou por sua culpa e você nem ao menos reconhece
X: Eu não pedi por nada disso, nem pra te encontrar sem querer no dia que você a magoo primeiro, nem pra você começar a escrever estas coisas.
Y: Mas por que diabos você teve que se parecer tanto com ela? Por que não pode nem que se fosse com falsidade fazer isto valer a pena?
X: Eu vou te fazer companhia, ainda faltam dias, dias pra eu desaparecer, você não vai me socar também, não é?
Y: Não, eu nunca te machucaria...
X: Você disse isso no nosso primeiro 27 e me machucou tantas vezes depois.
Y: Foi sem querer, eu não tinha planejado nada disso!
X: De novo isso de planos?
Y: Eles são só pequenas orações pro senhor tempo, você não devia odia-los tanto assim.
X: E o que estava afinal nos seus planos?
Y: Eu só queria que tudo voltasse ao normal, como era antes do dia em que deixei mamãe partir sem me despedir dela
X: Ela sangrou que nem você?
Y: Não, mas acordou roxa, negra, foram as minhas mãos....
X: Sempre culpa das mãos, não chore querida, você ainda está com raiva?
Y: Não, só triste, tão triste que poderia desaparecer, poderia cortar minhas mãos fora
X: Eu gosto delas, não faça isso, você estendeu seu velho edredom preto...
Y: Sim, eu não queria também, foram as mãos...
X: Quando você tinha sua casinha amarela era só ele que ficava na cama, pegou o cheiro, as histórias e as marcas de todos que passaram por la
Y: Pegaram os teus cheiros, tuas marcas e as nossas histórias, eu não tinha coragem de estende-lo antes...
X: Mas hoje você está querendo se punir!
Y: Isso, vou me deitar nas minhas mais sombrias lembranças até me sentir suficientemente punida.
X: Eu posso também?
Y: Você quer se punir?
X: Quero.
Y: Como?
X: Deixa eu me deitar ao teu lado...
Y: No nosso antigo edredom preto e rasgado de cigarro?
X: Em qualquer edredom colorido ou inteiro, tanto faz, minha punição é você.

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